Implantes hormonais: saiba tudo sobre eles

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Dra Giulia Cerutti

Médica ginecologista

Implantes hormonais são cilindros de hormônios esteroides que são inseridos no tecido subcutâneo de homens e mulheres. Os implantes hormonais liberam os hormônios de uma forma lenta e contínua, mimetizando o que ocorre no nosso corpo.

Os implantes hormonais realizados em mulheres são:

  • Implante de estradiol
  • Implante de testosterona
  • Implante de gestrinona

A Dra. Giulia Cerutti é médica ginecologista com mais de 10 anos de experiência. Formou-se na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e fez residência médica de Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Pérola Byington, em São Paulo.

Além disso, a Dra. Giulia é certificada internacionalmente pela Terapia Sottopelle em Implantes Hormonais, e tem vasto conhecimento em hormônios femininos, garantindo o melhor tratamento para as suas pacientes.

Veja algumas opiniões de pacientes da Dra. Giulia:

Sumário

O que são implantes hormonais?

Implantes hormonais são pequenos cilindros contendo hormônios, que são inseridos no tecido subcutâneo.

Existem diversas marcas e produtos de implantes hormonais no mercado. Os hormônios dos implantes podem ser isomoleculares (popularmente chamados de bioidênticos) ou não.

No caso dos hormônios isomoleculares, a estrutura química dos hormônios contidos nos implantes é idêntica à produzida pelo nosso organismo.

implante
Implantes hormonais são cilindros inseridos no subcutâneo.

Além disso, os implantes podem ser absorvíveis ou não absorvíveis:

  • Implantes hormonais absorvíveis: os implantes não precisam ser retirados, sendo absorvidos pelo corpo.
  • Implantes hormonais não absorvíveis: os implantes são inseridos em um cilindro que precisa ser removido posteriormente.

Nas mulheres, os implantes são inseridos na região glútea. Nos homens, são inseridos nos flancos.

Vantagens dos implantes hormonais

A terapia hormonal por meio de implantes tem várias vantagens com relação à terapia oral ou transdérmica. As vantagens são:

  • Não são ingeridos por via oral, evitando a primeira passagem pelo fígado.
  • Duração de seis meses – não há necessidade de ingerir ou aplicar diariamente.
  • Os níveis hormonais ficam estáveis, sem picos e vales, mimetizando o que ocorre fisiologicamente.
  • A dose dos implantes é individualizada para cada paciente.
  • Os hormônios são quimicamente idênticos aos que o nosso corpo produz.
  • Os implantes liberam gradualmente a quantidade de hormônio correta, de acordo com as necessidades de cada paciente.

Os implantes hormonais devem ser utilizados somente quando uma terapia hormonal está indicada! Por isso, é importante o acompanhamento de um profissional experiente.

Como é feita a inserção dos implantes hormonais?

A inserção dos implantes é feita em consultório, sob anestesia local, e o paciente vai para casa no mesmo dia. Ou seja, não é necessário internação hospitalar. O procedimento é simples e praticamente indolor.

anestesia
A inserção dos implantes é feita sob anestesia local. Assim, o procedimento é indolor.

Após a realização de anestesia local, uma incisão com bisturi é feita na pele do paciente. Uma cânula esterilizada é introduzida por meio desta incisão no tecido subcutâneo do paciente, e por meio desta os cilindros com os hormônios são inseridos.

Uma vez inseridos, os implantes liberam quantidades graduais de hormônios na corrente sanguínea, mantendo níveis hormonais estáveis, de acordo com o que o paciente precisa.

Implantes hormonais para menopausa

Uma das indicações dos implantes hormonais é na terapia de reposição hormonal (TRH) da menopausa.

Neste período da vida da mulher, ela pode se queixar de fogachos (calorões, ondas de calor), insônia, irritabilidade, choro fácil, ressecamento vaginal, irregularidade menstrual, entre outros. Todos esses sintomas ocorrem pela falta do hormônio estradiol, que é produzido pelos ovários.

menopausa
Mulheres na menopausa sofrem com os fogachos (calorões)

Uma das maneiras de tratar estes sintomas é por meio da terapia de reposição hormonal, que pode ser feita por via oral (comprimidos), transdérmica (cremes e géis) e, agora, por meio de implantes subcutâneos.

O hormônio utilizado nos nos implantes hormonais para menopausa é o estradiol. A TRH visa repor os níveis de estradiol para atingir os níveis que a mulher tinha antes de entrar na menopausa.

Por meio dos implantes, a TRH apresenta menos efeitos adversos, além de ser mais efetiva, quando comparada às vias oral e transdérmica.

Reposição de progesterona

Atenção! Mulheres que receberam implantes hormonais com estradiol e que ainda têm útero também devem receber reposição de progesterona.

Isso porque o estradiol estimula a proliferação do endométrio, que é a camada de revestimento interna do útero. Assim, se o estradiol for administrado isoladamente, ele aumenta o risco de câncer de endométrio.

A progesterona, por outro lado, estabiliza o endométrio. Desta forma, na TRH, a progesterona serve para proteção endometrial. Assim, toda mulher que tem útero e está em TRH deve fazer também uso de progesterona.

No entanto, não existem implantes hormonais de progesterona. Esta deve ser administrada por via oral ou por via vaginal.

Vale a pena lembrar também que mulheres submetidas a histerectomia (ou seja, sem útero), mas com histórico de endometriose, também se beneficiam do uso de progesterona, quando recebem implantes hormonais de estradiol.

Isso porque o estradiol pode favorecer o crescimento dos focos de endometriose, ao passo que a progesterona impede que isso aconteça.

TRH: indicações, riscos, benefícios

A TRH na menopausa está indicada para mulheres com muitos sintomas climatéricos, especialmente os fogachos, e que têm grande prejuízo da sua qualidade de vida. Ou seja, não é toda mulher que precisa receber reposição hormonal quando entra na menopausa!

Quando uma mulher entra na menopausa, precisamos fazer um equilíbrio entre os riscos e os benefícios da TRH. Assim, só fazemos a reposição hormonal quando os benefícios superam os riscos.

Quais são os maiores benefícios da TRH?

  • Melhora dos sintomas climatéricos (fogachos, padrão do sono, ressecamento vaginal, libido, humor) e da qualidade de vida
  • Redução do risco de fraturas por osteoporose
  • Redução do risco do câncer de cólon e reto

menopausa
Com a melhora dos fogachos, da secura vaginal e do padrão do sono, a reposição hormonal com implantes hormonais promove uma melhora significativa na qualidade de vida da mulher.

E quais são os maiores riscos da TRH?

  • Aumento do risco de trombose. No entanto, esse aumento do risco é muito baixo. E o risco de mulheres tabagistas desenvolverem uma trombose é maior do que o risco de mulheres em TRH desenvolverem.
  • Aumento do risco de câncer de mama. Porém, esse aumento do risco também é muito baixo. Além disso, o risco de mulheres obesas desenvolverem um câncer de mama também é maior do que o risco de mulheres em TRH desenvolverem.

Quem não pode fazer reposição hormonal?

Algumas mulheres, mesmo muito sintomáticas, não podem receber reposição hormonal com estrogênio. São elas:

  • Histórico pessoal de câncer de mama
  • Histórico pessoal de câncer de endométrio
  • Doença grave no fígado
  • Doença cardiovascular (infarto, AVC)
  • Sangramento vaginal não diagnosticado
  • Histórico pessoal de trombose
  • Porfiria

Além disso, a reposição hormonal não deve ser iniciada após os 60 anos, e nem em mulheres que entraram na menopausa há mais de 10 anos.

Implantes hormonais de testosterona em mulheres

Em algumas mulheres está indicada também a reposição do hormônio testosterona, associada ao estradiol.

Porém, esta não é uma indicação absoluta para todas as mulheres. A testosterona está indicada principalmente para mulheres na perimenopausa que se queixam de baixa libido.

menopausa
Os implantes de testosterona ajudam a aumentar a libido de mulheres na perimenopausa.

Indisposição, cansaço e fadiga NÃO são indicações do uso de testosterona nos implantes hormonais. Estes sintomas podem ser devidos a várias condições, como rotina exaustiva, depressão e outras.

Da mesma forma, mulheres jovens com baixa libido não devem receber implantes de testosterona. A baixa libido em mulheres jovens também tem várias causas, como problemas com o parceiro, baixa autoestima, rotina exaustiva, e várias outras.

Além disso, exames laboratoriais evidenciando níveis baixos de testosterona também não são indicação de terapia com este hormônio. Isso porque os métodos laboratoriais utilizados para a dosagem da testosterona não foram feitos para mulheres.

Os homens têm níveis de 10 a 40 vezes maiores que as mulheres. Para níveis tão baixos quanto os das mulheres, os exames perdem muito a precisão!

Resumindo: as únicas mulheres que se beneficiam de implantes hormonais de testosterona são as mulheres na perimenopausa com baixa libido!

Implantes hormonais de gestrinona

A gestrinona é um hormônio com ação antiestrogênica (ou seja, reduz o estrogênio do corpo) e androgênica (ou seja, aumenta os hormônios masculinos do corpo).

Existem várias indicações para os implantes de gestrinona:

  • Endometriose: presença de focos de endométrio fora do útero, na pelve, causando dor pélvica intensa. Estes focos de endométrio crescem sob a ação estrogênica. Como a gestrinona é antiestrogênica, ela reduz os focos de endometriose.

dor pelvica
Os implantes de gestrinona são úteis no tratamento da endometriose, melhorando significativamente a intensidade da dor.

  • Adenomiose: presença de focos de endométrio na camada muscular do útero, o miométrio. Como dito anteriormente, a gestrinona reduz os focos de endométrio, sendo uma boa opção de tratamento para a adenomiose.
  • Miomatose uterina: os miomas são nódulos benignos que crescem na parede do útero. Eles também crescem sob estímulo do estrogênio. Assim, a gestrinona bloqueia o crescimento dos miomas, e eles podem até diminuir. Além disso, miomas muito grandes ou submucosos (que crescem dentro do útero) podem causar sangramento intenso. A gestrinona na maioria das vezes faz a mulher entrar em amenorreia, ou seja, parar de menstruar, sendo uma boa opção para o tratamento do sangramento anormal causado pelos miomas.
  • Síndrome Pré-Menstrual (a famosa TPM) e Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM): como a gestrinona é antiestrogênica, ela bloqueia os picos deste hormônio, impedindo assim as oscilações hormonais do ciclo menstrual. São estas oscilações as responsáveis pelas alterações de humor do período pré-menstrual.

tdpm
A gestrinona também pode ser útil para aliviar os sintomas da Síndrome Pré-Menstrual e do Transtorno Disfórico Pré-Menstrual.

Mas atenção: a contracepção NÃO é garantida nos implantes de gestrinona! Se você, mulher em idade fértil, deseja colocar um implante de gestrinona, saiba que é necessário também associar um método contraceptivo, como por exemplo um Dispositivo Intrauterino (DIU).

Além disso, não se deve inserir a gestrinona com objetivos estéticos – o famoso “chip da beleza”. Apesar de aumentar a massa magra, dependendo da dose a gestrinona também pode causar acne, queda de cabelo, oleosidade, engrossamento da voz e um efeito irreversível: a hipertrofia de clitóris.

“Chip da beleza”?

Há algum tempo, os implantes hormonais de gestrinona se popularizaram com o nome de “chip da beleza”. Mas você sabe o motivo desse nome?

Você já viu que a gestrinona é um hormônio com efeito antiestrogênico (ou seja, bloqueia o estrogênio) e androgênico (ou seja, aumenta os hormônios masculinos).

Esse efeito androgênico da gestrinona ajuda as mulheres a ganharem massa muscular e a diminuir a gordura corporal. Com isso, a mulher tem um corpo mais magro e definido, atingindo o que os padrões estéticos do Brasil atualmente consideram como “beleza”.

Porém, o nome “chip da beleza” é completamente equivocado.

Primeiro, porque os implantes hormonais de gestrinona não são um “chip”. Como já vimos anteriormente, eles são implantes subcutâneos que contêm hormônios. Um “chip”, por outro lado, é um dispositivo com uma tecnologia eletrônica. Ou seja, não tem nada a ver com um implante.

Em segundo lugar, o “chip da beleza”, além de não ser chip, ele também não garante beleza. Ele apenas garante um corpo mais magro e definido.

gestrinona
A gestrinona não deve ser usada para fins estéticos!

De fato, para muitas pessoas isso é sinônimo de beleza. Porém, o conceito de beleza varia de acordo com a cultura e a época em que vivemos. Não somente, varia de pessoa para pessoa.

Além disso, a gestrinona também causa outros efeitos colaterais, que também podem interferir na “beleza” da pessoa:

  • Acne
  • Aumento da oleosidade da pele
  • Queda de cabelo
  • Engrossamento da voz
  • Aumento do clitóris
  • Aumento de pelos no corpo

queda de cabelo
A gestrinona também pode causar queda de cabelo.

Por isso, não devemos jamais usar a gestrinona por fins estéticos, e sim para tratamento de doenças como endometriose, adenomiose, miomatose uterina e transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM).

Implantes hormonais para homens

Os implantes hormonais para homens são implantes de testosterona. A principal indicação é no Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM), popularmente conhecido como andropausa.

Neste distúrbio, além dos níveis baixos de testosterona, o homem pode apresentar outros sinais e sintomas, tais como:

  • diminuição da libido
  • disfunção erétil
  • irritabilidade
  • dificuldade de concentração
  • depressão
  • perda da massa e da força muscular
  • perda de massa óssea
  • perda dos pelos axilares e pubianos
  • diminuição do volume e da consistência dos testículos
  • ginecomastia

andropausa
Os implantes de testosterona em homens não devem ser feitos com objetivos estéticos, mas sim para melhorar a qualidade de vida.

Para estes homens, a testosterona pode melhorar a qualidade de vida, melhorando:

  • a sensação de bem estar geral
  • a função sexual
  • a composição corporal
  • a força e a massa muscular
  • a densidade mineral óssea

Os implantes de testosterona também NÃO devem ser inseridos com objetivos estéticos, e sim para melhora da qualidade de vida, para homens que realmente precisam de reposição hormonal!

Implantes hormonais utilizados

Em meu consultório, utilizo os implantes hormonais Sottopelle®. Estes implantes são absorvíveis, ou seja, não precisam ser removidos posteriormente.

Além disso, eles são isomoleculares (bioidênticos), ou seja, têm a sua estrutura química idêntica à produzida pelo nosso organismo, porém produzidos em laboratório.

Implantes hormonais: preço

O valor para inserção dos implantes hormonais depende de vários fatores: marca, produto, hormônios, dosagens utilizadas. Como a terapia é individualizada, e os hormônios e as dosagens variam para cada paciente, os valores também variam.

Mas não se esqueça: este tratamento deve ser escolhido pela qualidade dos produtos e pelo profissional, jamais pelo seu preço!

Por fim, não banalizemos a reposição hormonal. Esta deve ser indicada apenas para pessoas que PRECISAM, e não para qualquer um!

Precisa de ajuda?

Olá! Sou a Dra. Giulia Cerutti, médica ginecologista, especializada em oncologia ginecológica e sexologia.

Realizo atendimentos em ginecologia para mulheres de todas idades, atuando na prevenção, diagnóstico e tratamento clínico e cirúrgico das mais diversas doenças ginecológicas. Também realizo a inserção de implantes hormonais em consultório.

Busco dar um atendimento individualizado e que atenda as minhas pacientes de maneira integral, com avaliação não somente da sua saúde física, mas também da sua saúde mental. Comigo, você terá participação na decisão de seu tratamento, não sendo esta decisão exclusividade médica.

Quer me conhecer melhor? Clique aqui para saber o que pacientes reais falam sobre mim!

Mais informações: Manual MSD

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